domingo, 29 de outubro de 2023

O QUE FOI O HOLOCAUSTO?

 

c


O que foi o Holocausto?

O Holocausto foi a perseguição sistemática e o assassinato de 6 milhões de judeus europeus pelo regime nazista alemão, seus aliados e colaboradores.1 O Museu Estadunidense Memorial do Holocausto define 1933-1945 como os anos do Holocausto.  A era do Holocausto começou em janeiro de 1933, quando Adolf Hitler e o Partido Nazista chegaram ao poder na Alemanha, e terminou em maio de 1945, quando as Potências Aliadas derrotaram a Alemanha nazista no fim da Segunda Guerra Mundial. O Holocausto também é às vezes referido como “a Shoah”, palavra hebraica que significa “catástrofe”.

Quando chegaram ao poder na Alemanha, os nazistas não começaram a realizar assassinatos em massa de imediato. No entanto, rapidamente começaram a usar o governo para atacar e excluir os judeus da sociedade alemã. Dentre outras medidas antissemitas, o regime nazista alemão promulgou leis discriminatórias e realizou/apoiou atos de violência organizada contra os judeus alemães. A perseguição nazista aos judeus tornou-se cada vez mais radical entre os anos de 1933 e 1945. Essa radicalização culminou na elaboração de um plano ao qual os líderes nazistas se referiam como a “Solução Final da Questão Judaica”. A “Solução Final” foi um eufemismo para designar o assassinato em massa, organizado e sistemático, dos judeus europeus. O regime nazista alemão implementou este processo de genocídio entre os anos de 1941 e 1945.

Por Que os Nazistas Tinham como Alvo os Judeus?

Os nazistas tinham como alvo os judeus porque eram radicalmente antissemitas. Isto significa que eles tinham preconceito e ódio contra os judeus. Na verdade, o antissemitismo foi um princípio básico da sua ideologia, bem como a base de sua visão-de-mundo. Os nazistas acusaram falsamente os judeus de causar os problemas sociais, econômicos, políticos e culturais pelos quais passava a Alemanha na ocasião antecedenete à eclosão da Guerra. Em particular, eles os culparam pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Muitos alemães receberam bem estas declarações nazistas. A raiva pela derrota na Primeira Guerra Mundial e as sucessivas crises econômicas e políticas contribuíram para o aumento do antissemitismo na sociedade alemã. A instabilidade da Alemanha sob a República de Weimar (1918-1933), o medo do comunismo e os choques econômicos originários do impacto da Grande Depressão também tornaram muitos alemães mais receptivos às ideias nazistas, dentre elas o antissemitismo.

No entanto, não foram os nazistas que inventaram o antissemitismo. O antissemitismo é um preconceito antigo e generalizado que tem assumido muitas formas ao longo da história. Na Europa, ele remonta aos tempos antigos. Na Idade Média (500-1400), os preconceitos contra os judeus baseavam-se principalmente nas primeiras crenças e pensamentos cristãos, particularmente no mito de que os judeus foram responsáveis pela morte de Jesus. A suspeita e a discriminação enraizadas em preconceitos religiosos continuaram a existir no início da Europa moderna (1400-1800), e os líderes de grande parte da Europa cristã isolaram os judeus da maioria dos aspectos da vida econômica, social e política de seus domínios. Esta exclusão contribuiu para gerar o estereótipo do judeu como estrangeiro. À medida em que a Europa se tornou mais secular, muitos locais suspenderam a maioria das restrições legais contra os judeus, mas isso não significou o fim do antissemitismo. Além do antissemitismo religioso, outros tipos de antissemitismo se instalaram na Europa nos séculos 18 e 19. Essas novas formas incluíam o antissemitismo econômico, o nacionalista e o racial. No século 19, os antissemitas alegaram falsamente que os judeus eram responsáveis pelos muitos males sociais e políticos da sociedade industrial moderna. As teorias de então sobre raça, a eugenia e o Darwinismo Social justificavam tais ódios. O preconceito nazista contra os judeus uniu todos estes elementos, em especial o antissemitismo de cunho racial. O antissemitismo racial é a ideia discriminatória de que os judeus são uma raça em separado e inferior. O Partido Nazista promoveu uma forma particularmente virulenta de antissemitismo racial, sendo ela central para sua visão-de-mundo baseada em uma hierarquia racial, cuja crença era apoiada pelo Partido. Os nazistas acreditavam que o mundo estava dividido em diferentes raças e que algumas delas eram superiores às demais. Eles consideravam os alemães como membros da raça “ariana”, supostamente superior a todas as outras, e que os “arianos” estavam tolhidos por uma luta pela sobrevivência contra as raças inferiores. Além disso, os nazistas acreditavam que a chamada “raça judaica” era a mais baixa e perigosa de todas. De acordo com os nazistas, os judeus eram uma ameaça que precisava ser removida da sociedade alemã. Caso contrário, insistiam os nazistas, a “raça judaica” corromperia e destruiria permanentemente o povo alemão. A definição nazista, baseada na crença em raça, sobre quem era judeu, incluía muitas pessoas que se identificavam como cristãs ou que sequer praticavam o judaísmo.

Onde Ocorreu o Holocausto?

O Holocausto foi uma iniciativa nazista alemã que ocorreu em toda a área da Europa controlada pela Alemanha e pelos países do Eixo. Ela atingiu quase toda a população judaica da Europa, que em 1933 contava com 9 milhões de pessoas. O Holocausto começou na Alemanha após Adolf Hitler ter sido nomeado chanceler em janeiro de 1933. Quase que de imediato, o regime nazista alemão (que se autodenominou o “Terceiro Reich”) excluiu os judeus da vida econômica, política, social e cultural alemã. Ao longo da década de 1930, o regime pressionou cada vez mais os judeus a saírem da Alemanha.  Mas a perseguição nazista aos judeus espalhou-se para além do território alemã. Ao longo da década de 1930, a Alemanha nazista seguiu uma política externa agressiva, a qual culminou na eclosão da Segunda Guerra Mundial, que começou na Europa em 1939. A expansão territorial pré-Guerra, e também durante a Guerra, acabou por colocar vários milhões de judeus sob o controle do Estado alemão.  A expansão territorial da Alemanha nazista começou em 1938-1939. Nesse período, a Alemanha anexou a vizinha Áustria e a área dos Sudetos, e também ocupou as terras tchecas. Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha nazista iniciou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) atacando a Polônia. Durante os dois anos seguintes, a Alemanha invadiu e ocupou grande parte da Europa, incluindo as partes ocidentais da União Soviética. A Alemanha nazista ampliou ainda mais seu controle militar ao formar alianças com os governos da Itália, Hungria, Romênia e Bulgária, e criando também Estados fantoches na Eslováquia e na Croácia. Juntos, estes países europeus formaram os membros do Eixo, o qual também incluía o Japão, na Ásia. Em 1942, como resultado de anexações, invasões, ocupações e alianças, a Alemanha nazista controlava a maior parte da Europa continental e partes do norte de África. O controle nazista criou políticas antissemitas duras e, por fim, gerou assassinatos em massa de civis judeus por toda a Europa. Os nazistas, seus aliados e colaboradores assassinaram 6 milhões de judeus.


HITLER - BIOGRAFIA_ Parte 2

 


Hitler como líder do nazismo

Mesmo antes de ser preso, Hitler havia se convencido da ideia de seu papel como líder do nazismo, e até por isso conduziu o golpe na Baviera. Depois que ele saiu da prisão, assumiu a liderança do nazismo e tomou a frente dos movimentos nacionalistas de extrema-direita na Alemanha. Ian Kershaw fala que o primeiro discurso de Hitler, após sair da cadeia, contou com a presença de três mil pessoas, e só não teve mais público porque mais duas mil foram proibidas de entrar, pois o local estava abarrotado. Esse acontecimento teve importância simbólica, pois comprovou o papel destacado de Hitler entre os movimentos da extrema-direita. A partir daí, Hitler procurou ampliar a popularidade do nazismo na Alemanha. Para isso começou a desenvolver ações para divulgar as ideias nazistas entre diversos grupos da sociedade, tais como médicos, juristas, professores, mulheres, estudantes e, claro, trabalhadores empobrecidos. Hitler conseguia então amplificar o alcance de seu discurso nacionalista, antissemita e radical. Nesse período de crescimento do partido, alguns nomes começaram a despontar como lideranças no interior do nazismo, tais como Rudolf Hess, Hermann Göring e Joseph Goebbels. O nazismo também começou a tornar-se popular entre classes como a de camponeses. O crescimento do partido fez com que a saudação “Heil Hitler” (“Salve Hitler”, em português) fosse popularizada. O crescimento do nazismo sob a liderança de Hitler ficou patente pelos resultados eleitorais. Em 1928, os nazistas conquistaram 12 assentos no Reichstag (o Parlamento alemão); em 1930, o número de assentos saltou para 107; e, em 1932, os nazistas conquistaram 230 assentos. Assim, o Partido Nazista tornou-se o maior da Alemanha. Em 1932, Hitler conseguiu sua nacionalidade alemã, e isso lhe permitiu concorrer à eleição presidencial nesse país. Nessa eleição, Hitler concorreu contra o presidente em exercício, Paul von Hindenburg. No primeiro turno, Hitler recebeu 30% dos votos, e no segundo, 37%. Hitler perdeu, mas sua expressiva votação deixava claro a forte posição do partido e difundiu mais ainda a propaganda nazista pela Alemanha. A derrota reverteu-se em vitória para os nazistas, uma vez que uma forte pressão popular sobre Hindenburg fê-lo nomear Adolf Hitler como chanceler da Alemanha.

Hitler no poder


A ascensão de Hitler marcou o início da jornada alemã rumo ao totalitarismo. Nomeado como chanceler, Hitler atuou abertamente para consolidar-se como figura absoluta na política alemã e agiu para acabar com o regime democrático que marcava a República de Weimar. A perseguição contra os opositores do nazismo iniciou-se de imediato. Algumas de suas primeiras ações foram acabar com a Constituição de Weimar e impor a perseguição a social-democratas e comunistas. Para isso, Hitler contou com a sorte. Em fevereiro de 1933, os nazistas tiveram a desculpa perfeita para iniciar sua guinada autoritária: o incêndio do Reichstag. Na noite de 27 de fevereiro de 1933, um anarcossindicalista holandês, chamado Marinus van der Lubbe, invadiu o Reichstag e incendiou o prédio. As autoridades policiais alemãs e os nazistas sabiam que o holandês tinha agido por conta própria, mas acabaram aproveitando-se da situação e   passaram a propagandear que a ação fazia parte de um grande complô comunista. Isso acabou sendo utilizado de justificativa para os nazistas radicalizarem. No dia seguinte, foi aprovado o Documento para a Proteção do Povo e do Estado, um decreto que acabou com todas as liberdades individuais garantidas pela Constituição de Weimar e que garantiu direito ao governo de intervir nas federações da Alemanha (estados) para “restaurar a ordem”. Ainda em 1933, Hitler deu início à perseguição contra os social-democratas e comunistas, aprisionando-os e enviando-os para o campo de concentração de Dachau, o primeiro campo de concentração nazista. Além disso, ele dissolveu o Parlamento naquele ano e proibiu outros partidos políticos de atuarem — só o Partido Nazista tinha autorização para funcionar. Na economia, Hitler tinha como grande missão recuperar a economia do país. A sua política, nesse sentido, teve altos e baixos e atuou por meio da tomada de bens de muitos judeus, do incentivo à produção de papel-moeda e da promoção de obras públicas como forma de combater o altíssimo nível de desemprego no país. Hitler atuou contra a Liga das Nações retirando a Alemanha dessa organização e passou a questionar os princípios do Tratado de Versalhes. Entre as ações estão a reconstrução do exército alemão, a formação de marinha e aviação de guerra, a remilitarização da Renânia (região fronteiriça com a França) e o fim do pagamento das indenizações estipuladas no tratado. Os poderes de Hitler ampliaram-se consideravelmente em 1934, quando o presidente da Alemanha, Hindenburg, faleceu aos 86 anos. A morte do presidente fez Hitler mobilizar os ministros alemães a aprovarem a Lei sobre o Chefe de Estado do Reich Alemão. Com isso, Hitler absorveu os poderes presidenciais e passou a ser chefe de governo e de Estado, possuindo poderes ilimitados.

 Perseguição aos judeus

Uma vez estabelecido no poder, Hitler fez com que seu discurso contra os judeus fosse praticado. Após anos de retórica permeada de ódio contra esse grupo, não foi difícil para que ele o perseguisse. Entre 1933 e 1939, uma série de medidas foi realizada para excluir progressivamente esse grupo da sociedade alemã. Os judeus foram inicialmente excluídos do serviço público alemão, e a violência contra eles começou a aumentar com milícias (sobretudo as tropas de assalto) atacando famílias judias e com parte da sociedade boicotando negócios geridos por judeus. Em 1935, Hitler autorizou a consolidação de leis que impunham juridicamente a segregação dos judeus na Alemanha. Conhecidas como Leis de Nuremberg, essas foram um conjunto de ordenamentos jurídicos que tratavam da miscigenação e da cidadania alemã, por exemplo. Casamentos entre judeus e não judeus foram proibidos na Alemanha, assim como aqueles ficaram proibidos de terem relações sexuais com não judeus. Os nazistas também estipularam conceitos que definiam a cidadania alemã. Assim, decidiu-se quem tinha e quem não tinha direito a receber a cidadania. Os judeus, naturalmente, foram excluídos. A exclusão jurídica fomentava a violência física, e, em 1938, a situação tomou uma nova dimensão. Em 1938, em represália ao assassinato de um alemão por um judeu em Paris, Hitler autorizou a realização de um pogrom (ataque físico) contra os judeus na Alemanha. Na virada de 9 para 10 de novembro de 1938, nazistas de toda a Alemanha foram mobilizados para atacar judeus. As casas destes foram invadidas, pessoas foram espancadas, lojas e sinagogas foram incendiadas. Esse acontecimento ficou conhecido como Noite dos Cristais. Especula-se que nesse ataque milhares de pessoas tenham morrido, embora o número oficial de mortos seja de 91 pessoas, e milhares de lojas e sinagogas foram destruídas em todo o país. Outro acontecimento importante é que, durante esse pogrom, cerca de 30 mil judeus em toda a Alemanha foram presos e enviados para os campos de concentração de Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen.

domingo, 3 de setembro de 2023

HITLER - BIOGRAFIA (PARTE 1)

 


Biografia (Parte I)

Adolf Hitler foi uma das personalidades mais estudadas do século XX. Ficou conhecido por ter sido o líder do nazismo e um dos piores ditadores da história. E um dos que fundamentaram um dos maiores genocídios da história da humanidade: o Holocausto. Hitler, que era austríaco, lutou pela Alemanha na Primeira Guerra Mundial e foi ascendendo no cenário político alemão, por meio de seu discurso radical, que se voltava para certos grupos da sociedade alemã, como os judeus, os social-democratas e os comunistas. Assumiu o poder em 1933 e conduziu a Alemanha para a Segunda Guerra Mundial. Cometeu suicídio em 1945.

Nascimento e juventude de Hitler

Hitler era austríaco e nasceu em uma cidade do interior do país chamada Braunau am Inn, em 20 de abril de 1889. Os pais de Adolf Hitler chamavam-se Alois Hitler e Klara Pölzl, e ele foi o quarto filho desse casal (o primeiro a sobreviver em longo prazo). Os filhos de Alois e Klara que nasceram antes de Hitler e faleceram foram Gustav, Otto e Ida. O pai de Hitler, anteriormente chamado Alois Schicklgruber (mudou seu nome na década de 1870), trabalhava como inspetor em um posto alfandegário de Braunau am Inn e, por isso, Hitler cresceu em um ambiente familiar de classe média e de condição financeira saudável. A boa condição financeira, porém, não fazia que a família de Hitler tivesse bom convívio, sobretudo pelo humor explosivo de seu pai. A relação de Hitler com sua mãe, por sua vez, era o inverso e bastante amorosa. Os pais de Hitler morreram enquanto o futuro ditador alemão ainda era apenas um adolescente. Seu pai, Alois, faleceu, em 3 de janeiro de 1903, de um colapso enquanto estava tomando vinho. Acredita-se que ele tenha morrido de derrame pleural (acúmulo de líquido no interior do pulmão). Sua mãe, Klara, acabou falecendo de câncer em 21 de dezembro de 1907. A morte de seu pai colocou fim a um grande problema para Hitler: sua carreira. O pai de Hitler queria que seu filho seguisse a carreira do funcionalismo público e tornasse-se funcionário da alfândega assim como ele havia sido. Hitler, no entanto, tinha outro desejo para sua vida e, depois que sua mãe morreu, mudou-se para Viena. O historiador Ian Kershaw fala que, após a morte de sua mãe, Hitler tinha economias que conseguiriam sustentá-lo durante um ano em Viena. Nessa cidade, ele tentou ingressar na Academia de Belas Artes, mas fracassou por duas vezes. Também tentou tornar-se arquiteto, mas não teve sucesso. Em Viena, viveu como um desocupado, não fazendo questão de conseguir um emprego para sobreviver. Sua renda vinha inteiramente da pensão deixada por sua mãe e de um empréstimo que adquiriu de sua tia. Nisso, o ambiente político agitado de Viena teve papel crucial na moldagem dos preconceitos de Hitler, como sentencia Ian Kershaw. O forte antissemitismo de Hitler começou a ser construído durante os anos em que morou em Viena, lá ele teve contato com publicações racistas e antissemitas. A situação da Áustria nesse sentido não era diferente da Alemanha, e em ambos locais o antissemitismo circulava nos debates políticos desde o século XIX.

Hitler na Primeira Guerra Mundial

Em 16 de maio de 1913, Hitler teve acesso à herança que seu pai, falecido em 1903, deixara para ele. Ao todo, ele recebeu a quantia de 819 coroas e, uma vez na posse desse dinheiro, decidiu mudar-se para a cidade de Munique. Aos conhecidos ele justificou sua ida à Baviera para ingressar na Academia de Artes de Munique. Os reais fatores de Hitler mudar-se para a Alemanha eram: primeiro, ele detestava a Áustria, e, segundo, estava fugindo do serviço militar obrigatório austríaco. Uma vez estabelecido em Munique, Hitler continuou levando a mesma rotina de desocupado que tinha em Viena. No entanto, sua vida mudou drasticamente quando estourou a Primeira Guerra Mundial, em 1914. Com a guerra, Hitler, “carregado de sentimento patriótico”, alistou-se no exército alemão, mesmo não podendo fazê-lo. Pelo exército da Alemanha foi convocado, em 16 de agosto de 1914, e ingressou no Segundo Batalhão Reserva do Segundo Regimento de Infantaria, e depois foi transferido para o 16º Regimento de Reserva de Infantaria da Baviera. No exército chegou a ser apenas um cabo e desempenhou papel como mensageiro. Sua função era levar as mensagens do posto de comando para os comandantes no front de batalha. A experiência na guerra também moldou parte das visões radicais do austríaco, e, depois que os alemães foram derrotados, Hitler envolveu-se com movimentos de extrema-direita. Quando a Alemanha rendeu-se, em 1918, Hitler estava internado na enfermaria em consequência de um ataque de gás mostarda. Ele nunca aceitou a derrota alemã e, daí em diante, abraçou teorias conspiratórias acerca dela. A mais conhecida delas era a da “punhalada nas costas”, que falava de uma conspiração de socialistas e judeus responsável por sabotar a Alemanha na guerra. Durante esse conflito mundial, Hitler recebeu duas condecorações, uma das quais foi a Cruz de Ferro, por ter demonstrado bravura na entrega de uma mensagem importante. Essa condecoração de Hitler foi uma recomendação de seu oficial, ironicamente, um judeu, chamado Hugo Gutmann.

Nascimento do Nazismo

Depois da I Guerra Mundial, a situação na Alemanha tornou-se crítica. A agitação popular era intensa e a economia do país sofria com a guerra. Depois da rendição, a situação piorou e o país afundou em uma crise econômica terrível, ficando à beira de uma revolução popular. As teorias conspiratórias e a ação dos grupos de extrema-direita disseminaram violência no território. A Alemanha tornou-se uma democracia liberal, chamada República de Weimar, como consequência da derrota na guerra e da queda da monarquia, e foi nesse ambiente moderadamente democrático que Hitler começou a engajar-se e a crescer politicamente. Após o fim da guerra, ele se tornou um agitador político e realizava seus discursos em locais, como cervejarias. Seus discursos atacavam consideravelmente os judeus, acusando-os de estarem por trás da “traição” que a Alemanha sofreu na guerra e por serem os responsáveis pela revolução bolchevique de 1917. Ele também atacava os social-democratas, o grupo que governava a Alemanha na República de Weimar. Foi nesse clima que nasceu o nazismo. Em 1919, Hitler ingressou no Partido dos Trabalhadores Alemães e, em poucos anos, tornou-se uma pessoa importante dentro dele mas também entre os radicais da extrema-direita. O sucesso de Hitler é explicado, por Ian Kershaw, pelo fato de que ele era um ótimo propagandista e sua capacidade retórica destacava-se. O partido de que Hitler fazia parte era da extrema-direita alemã e possuía um discurso nacionalista, antissemita e antimarxista. Em fevereiro de 1920, o partido mudou seu nome para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. O partido de Hitler ainda pregava pôsteres vermelhos pela cidade, e o intuito dessas ações era o de atrair a atenção dos trabalhadores do país. Quando o Partido Nazista foi inaugurado, seu programa contava com 25 pontos que resumiam sua ideologia. Nessa altura, Hitler já declarava os grandes grupos que ele procuraria combater: os judeus, os social-democratas e, em última instância, os comunistas. O historiador Richard J. Evans resume as visões de Hitler acerca do primeiro grupo:

Hitler declarou em numerosos discursos que os judeus eram uma raça de parasitas que só podia viver subvertendo outros povos, sobretudo a mais superior e melhor de todas as raças, a ariana […]. Os judeus deveriam 'ser exterminados' […]. A 'solução para a questão judaica', […] só poderia ser resolvida pela 'força bruta'. […] 'sabemos que, quando pusermos nossas mãos no poder: Que Deus então tenha piedade de vocês!


A capacidade oratória de Hitler fez seu partido crescer. Entre 1920 e 1921, seus discursos chamaram a atenção e fizeram o número de membros do partido aumentar consideravelmente. Em 1922, Hitler já era uma personalidade importante entre os nacionalistas e, em 1923, tornou-se conhecido nacionalmente por envolver-se no Putsch da Cervejaria. Esse acontecimento consistiu basicamente em uma tentativa de golpe realizada pelos nazistas na Baviera. O golpe fracassou, e Hitler acabou sendo preso e permanecendo um ano na cadeia. Nesse período, ele organizou a ideologia nazista no livro chamado Mein kampf, que significa “minha luta” em português.

domingo, 20 de agosto de 2023

NAZIFASCISMO

 



Nazifascismo é o termo usado para denominar o nazismo alemão e o fascismo italiano, que foram duas doutrinas de extrema-direita que surgiram na Europa no século XX e têm contexto histórico e ideológico semelhantes. O nazismo e o fascismo são doutrinas políticas de caráter totalitário, ou seja, o estado e o seu líder ocupam o lugar central no regime. Os estados nazifascistas eram governados de forma autoritária por Hitler (líder nazista) e Mussolini (líder fascista) e foram ditaduras extremamente repressoras, responsáveis pelas mortes de milhares de pessoas. Os regimes nazifascistas chegaram ao poder em momentos de sérias crises na Alemanha e na Itália. Essas crises, econômicas e sociais, foram consequências das perdas provocadas pela I Guerra Mundial e da Crise de 1929. O nazismo tem caráter nacionalista, imperialista e belicista (que tende a se envolver ativamente em guerras). O fascismo também tem caráter nacionalista e é antissocialista.


Nazismo

Fascismo

Definição

Movimento ideológico que misturava dogmas e preconceitos baseados na ideia de que a "raça ariana" (alemã) era superior a todas as outras.

Regime ou movimento político e ideológico em que o conceito de "nação" e "raça" está acima do indivíduo e seus valores.

Principais líderes

Adolf Hitler, Henrich Himmler, Martin Borman, Joseph Goebbels, Hermann Goering, Klaus Barbi.

Benito Mussolini, Francisco Franco, Hideki Tojo.

Características

  • Totalitarismo
  • Nacionalismo
  • Anticomunismo
  • Antiliberalismo
  • Racismo
  • Totalitarismo
  • Nacionalismo
  • Anticomunismo
  • Antiliberalismo
  • Populismo

O nazismo foi um movimento ideológico surgido na Alemanha e é comumente associado ao Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, comandado por Adolf Hitler de 1933 a 1945. Apesar de muitos o considerarem uma versão “extrema” do fascismo, a principal diferença é que o movimento nazista acreditava no “racismo científico”. O "racismo científico" é a crença em uma pseudociência de que existem raças de seres humanos superiores e inferiores. O conceito de “raça” entre seres humanos tem sido debatido. Atualmente, "etnia" é o termo mais utilizado para referenciar grupos distintos, já que aspectos socioculturais são considerados mais relevantes que fatores genéticos. No entanto, os alemães, sob influência do Partido Nazista, passaram a acreditar que a “raça ariana” era superior a todos os outros grupos humanos, sendo os judeus o alvo principal de seus preconceitos e dogmas. Por isso, os nazistas são antissemitas. A origem da palavra “nazismo” está ancorada na junção das palavras Nacional-Socialismo. Neste caso, o socialismo foi redefinido pelos nazistas para distingui-lo do socialismo marxista, fortemente rechaçado pelo movimento. Extremamente rígidos no que tocava a sua superioridade em relação a outras “raças”, os nazistas contrastavam no quesito “luta de classes”, sobre o qual eram contra. Isto fazia frente ao capitalismo, que passava a dominar o ocidente.

 suástica

 Principais características do nazismo

Racismo

Os nazistas praticaram o “racismo científico”, termo atualmente usado com carga pejorativa e uma vertente ideológica baseada em uma pseudociência para justificar atos racistas.  Segundo a crença alemã da época, os seres humanos eram divididos por “raça”, sendo a “raça ariana” superior a todas as outras. Neste sentido, consideravam os judeus a raça mais inferior, aversão chamada de “antissemitismo”. Para todos os efeitos, os alemães sob influência do nazismo acreditavam que não deveriam se misturar a outras “raças”, sendo o povo que deveria liderar o mundo.

Totalitarismo

O cidadão que vivia na Alemanha nazista deveria seguir os preceitos ordenados pelo Estado, não tendo liberdades (como de expressão) garantidas. As ações e medidas adotadas pelo Führer (líder nazista) eram inquestionáveis, uma vez que era cultuado quase como uma divindade. No totalitarismo, o governo tenta comandar todos os aspectos sociais, sejam de ordem pública ou privada. Desta forma, é um sistema político autoritário, geralmente com o poder concentrado em uma única pessoa como líder, sem partidos políticos e parlamentos.

Nacionalismo

O nazismo defendia um nacionalismo revolucionário. Isto quer dizer que acreditavam em uma sociedade alemã “superior”, o que deu origem às ações preconceituosas e radicais do movimento. Para os nazistas, era preciso construir uma “Grande Alemanha”, anexando territórios de povos com origem germânica, como a Áustria. Esta construção era chamada de “Espaço Vital” e devia incorporar os países de população ariana. Depois, deveriam se expandir para o oeste.

Anticomunismo

Por extinguir a propriedade privada, o comunismo era visto como um perigo para a sociedade alemã. Para o nazismo, as classes deveriam ser bem definidas, assim como a ascensão social se daria através do mérito e do talento. No entanto, a ideia era que fosse criado um sentimento de solidariedade entre as classes, algo que, para os nazistas, faria que a distinção fosse superada. Vale ressaltar que o socialismo embutido na palavra “nazismo” (Nacional-Socialismo) não teria ligações claras com o socialismo defendido por Karl Marx, que era judeu. Outro ponto considerado perigoso pelos nazistas era a questão religiosa. No socialismo e comunismo, a religião deve ser algo privado e que, aos poucos, seria eliminada da sociedade. O Partido Nazista era veementemente contra esta ideia, pois toleravam a religião desde que fosse controlada pelo Estado nazista.

Antiliberalismo

Hitler era contra o liberalismo por acreditar que o sistema econômico iria contra o interesse público. O nazismo queria uma economia voltada aos interesses do povo. Para os nazistas, a economia de mercado e a busca desenfreada pelo lucro causava danos à sociedade. Estes danos seriam baseados no controle econômico por grandes empresas, além da possibilidade de domínio das finanças internacionais por um país ou grupo de países. Para o Führer, o liberalismo estava em declínio e o conceito de comércio internacional não seria eficaz para se ter acesso a recursos necessários. Para obtê-los, os nazistas acreditavam no domínio completo de territórios que possuíssem tais recursos. Portanto, a guerra era a única forma de consegui-los.

SLIDES_IMPERIALISMO - ASPECTOS TEÓRICOS