domingo, 3 de setembro de 2023

HITLER - BIOGRAFIA (PARTE 1)

 


Biografia (Parte I)

Adolf Hitler foi uma das personalidades mais estudadas do século XX. Ficou conhecido por ter sido o líder do nazismo e um dos piores ditadores da história. E um dos que fundamentaram um dos maiores genocídios da história da humanidade: o Holocausto. Hitler, que era austríaco, lutou pela Alemanha na Primeira Guerra Mundial e foi ascendendo no cenário político alemão, por meio de seu discurso radical, que se voltava para certos grupos da sociedade alemã, como os judeus, os social-democratas e os comunistas. Assumiu o poder em 1933 e conduziu a Alemanha para a Segunda Guerra Mundial. Cometeu suicídio em 1945.

Nascimento e juventude de Hitler

Hitler era austríaco e nasceu em uma cidade do interior do país chamada Braunau am Inn, em 20 de abril de 1889. Os pais de Adolf Hitler chamavam-se Alois Hitler e Klara Pölzl, e ele foi o quarto filho desse casal (o primeiro a sobreviver em longo prazo). Os filhos de Alois e Klara que nasceram antes de Hitler e faleceram foram Gustav, Otto e Ida. O pai de Hitler, anteriormente chamado Alois Schicklgruber (mudou seu nome na década de 1870), trabalhava como inspetor em um posto alfandegário de Braunau am Inn e, por isso, Hitler cresceu em um ambiente familiar de classe média e de condição financeira saudável. A boa condição financeira, porém, não fazia que a família de Hitler tivesse bom convívio, sobretudo pelo humor explosivo de seu pai. A relação de Hitler com sua mãe, por sua vez, era o inverso e bastante amorosa. Os pais de Hitler morreram enquanto o futuro ditador alemão ainda era apenas um adolescente. Seu pai, Alois, faleceu, em 3 de janeiro de 1903, de um colapso enquanto estava tomando vinho. Acredita-se que ele tenha morrido de derrame pleural (acúmulo de líquido no interior do pulmão). Sua mãe, Klara, acabou falecendo de câncer em 21 de dezembro de 1907. A morte de seu pai colocou fim a um grande problema para Hitler: sua carreira. O pai de Hitler queria que seu filho seguisse a carreira do funcionalismo público e tornasse-se funcionário da alfândega assim como ele havia sido. Hitler, no entanto, tinha outro desejo para sua vida e, depois que sua mãe morreu, mudou-se para Viena. O historiador Ian Kershaw fala que, após a morte de sua mãe, Hitler tinha economias que conseguiriam sustentá-lo durante um ano em Viena. Nessa cidade, ele tentou ingressar na Academia de Belas Artes, mas fracassou por duas vezes. Também tentou tornar-se arquiteto, mas não teve sucesso. Em Viena, viveu como um desocupado, não fazendo questão de conseguir um emprego para sobreviver. Sua renda vinha inteiramente da pensão deixada por sua mãe e de um empréstimo que adquiriu de sua tia. Nisso, o ambiente político agitado de Viena teve papel crucial na moldagem dos preconceitos de Hitler, como sentencia Ian Kershaw. O forte antissemitismo de Hitler começou a ser construído durante os anos em que morou em Viena, lá ele teve contato com publicações racistas e antissemitas. A situação da Áustria nesse sentido não era diferente da Alemanha, e em ambos locais o antissemitismo circulava nos debates políticos desde o século XIX.

Hitler na Primeira Guerra Mundial

Em 16 de maio de 1913, Hitler teve acesso à herança que seu pai, falecido em 1903, deixara para ele. Ao todo, ele recebeu a quantia de 819 coroas e, uma vez na posse desse dinheiro, decidiu mudar-se para a cidade de Munique. Aos conhecidos ele justificou sua ida à Baviera para ingressar na Academia de Artes de Munique. Os reais fatores de Hitler mudar-se para a Alemanha eram: primeiro, ele detestava a Áustria, e, segundo, estava fugindo do serviço militar obrigatório austríaco. Uma vez estabelecido em Munique, Hitler continuou levando a mesma rotina de desocupado que tinha em Viena. No entanto, sua vida mudou drasticamente quando estourou a Primeira Guerra Mundial, em 1914. Com a guerra, Hitler, “carregado de sentimento patriótico”, alistou-se no exército alemão, mesmo não podendo fazê-lo. Pelo exército da Alemanha foi convocado, em 16 de agosto de 1914, e ingressou no Segundo Batalhão Reserva do Segundo Regimento de Infantaria, e depois foi transferido para o 16º Regimento de Reserva de Infantaria da Baviera. No exército chegou a ser apenas um cabo e desempenhou papel como mensageiro. Sua função era levar as mensagens do posto de comando para os comandantes no front de batalha. A experiência na guerra também moldou parte das visões radicais do austríaco, e, depois que os alemães foram derrotados, Hitler envolveu-se com movimentos de extrema-direita. Quando a Alemanha rendeu-se, em 1918, Hitler estava internado na enfermaria em consequência de um ataque de gás mostarda. Ele nunca aceitou a derrota alemã e, daí em diante, abraçou teorias conspiratórias acerca dela. A mais conhecida delas era a da “punhalada nas costas”, que falava de uma conspiração de socialistas e judeus responsável por sabotar a Alemanha na guerra. Durante esse conflito mundial, Hitler recebeu duas condecorações, uma das quais foi a Cruz de Ferro, por ter demonstrado bravura na entrega de uma mensagem importante. Essa condecoração de Hitler foi uma recomendação de seu oficial, ironicamente, um judeu, chamado Hugo Gutmann.

Nascimento do Nazismo

Depois da I Guerra Mundial, a situação na Alemanha tornou-se crítica. A agitação popular era intensa e a economia do país sofria com a guerra. Depois da rendição, a situação piorou e o país afundou em uma crise econômica terrível, ficando à beira de uma revolução popular. As teorias conspiratórias e a ação dos grupos de extrema-direita disseminaram violência no território. A Alemanha tornou-se uma democracia liberal, chamada República de Weimar, como consequência da derrota na guerra e da queda da monarquia, e foi nesse ambiente moderadamente democrático que Hitler começou a engajar-se e a crescer politicamente. Após o fim da guerra, ele se tornou um agitador político e realizava seus discursos em locais, como cervejarias. Seus discursos atacavam consideravelmente os judeus, acusando-os de estarem por trás da “traição” que a Alemanha sofreu na guerra e por serem os responsáveis pela revolução bolchevique de 1917. Ele também atacava os social-democratas, o grupo que governava a Alemanha na República de Weimar. Foi nesse clima que nasceu o nazismo. Em 1919, Hitler ingressou no Partido dos Trabalhadores Alemães e, em poucos anos, tornou-se uma pessoa importante dentro dele mas também entre os radicais da extrema-direita. O sucesso de Hitler é explicado, por Ian Kershaw, pelo fato de que ele era um ótimo propagandista e sua capacidade retórica destacava-se. O partido de que Hitler fazia parte era da extrema-direita alemã e possuía um discurso nacionalista, antissemita e antimarxista. Em fevereiro de 1920, o partido mudou seu nome para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. O partido de Hitler ainda pregava pôsteres vermelhos pela cidade, e o intuito dessas ações era o de atrair a atenção dos trabalhadores do país. Quando o Partido Nazista foi inaugurado, seu programa contava com 25 pontos que resumiam sua ideologia. Nessa altura, Hitler já declarava os grandes grupos que ele procuraria combater: os judeus, os social-democratas e, em última instância, os comunistas. O historiador Richard J. Evans resume as visões de Hitler acerca do primeiro grupo:

Hitler declarou em numerosos discursos que os judeus eram uma raça de parasitas que só podia viver subvertendo outros povos, sobretudo a mais superior e melhor de todas as raças, a ariana […]. Os judeus deveriam 'ser exterminados' […]. A 'solução para a questão judaica', […] só poderia ser resolvida pela 'força bruta'. […] 'sabemos que, quando pusermos nossas mãos no poder: Que Deus então tenha piedade de vocês!


A capacidade oratória de Hitler fez seu partido crescer. Entre 1920 e 1921, seus discursos chamaram a atenção e fizeram o número de membros do partido aumentar consideravelmente. Em 1922, Hitler já era uma personalidade importante entre os nacionalistas e, em 1923, tornou-se conhecido nacionalmente por envolver-se no Putsch da Cervejaria. Esse acontecimento consistiu basicamente em uma tentativa de golpe realizada pelos nazistas na Baviera. O golpe fracassou, e Hitler acabou sendo preso e permanecendo um ano na cadeia. Nesse período, ele organizou a ideologia nazista no livro chamado Mein kampf, que significa “minha luta” em português.

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