Hitler como líder do nazismo
Mesmo antes de ser preso, Hitler havia se convencido da ideia de seu papel como líder do nazismo, e até por isso conduziu o golpe na Baviera. Depois que ele saiu da prisão, assumiu a liderança do nazismo e tomou a frente dos movimentos nacionalistas de extrema-direita na Alemanha. Ian Kershaw fala que o primeiro discurso de Hitler, após sair da cadeia, contou com a presença de três mil pessoas, e só não teve mais público porque mais duas mil foram proibidas de entrar, pois o local estava abarrotado. Esse acontecimento teve importância simbólica, pois comprovou o papel destacado de Hitler entre os movimentos da extrema-direita. A partir daí, Hitler procurou ampliar a popularidade do nazismo na Alemanha. Para isso começou a desenvolver ações para divulgar as ideias nazistas entre diversos grupos da sociedade, tais como médicos, juristas, professores, mulheres, estudantes e, claro, trabalhadores empobrecidos. Hitler conseguia então amplificar o alcance de seu discurso nacionalista, antissemita e radical. Nesse período de crescimento do partido, alguns nomes começaram a despontar como lideranças no interior do nazismo, tais como Rudolf Hess, Hermann Göring e Joseph Goebbels. O nazismo também começou a tornar-se popular entre classes como a de camponeses. O crescimento do partido fez com que a saudação “Heil Hitler” (“Salve Hitler”, em português) fosse popularizada. O crescimento do nazismo sob a liderança de Hitler ficou patente pelos resultados eleitorais. Em 1928, os nazistas conquistaram 12 assentos no Reichstag (o Parlamento alemão); em 1930, o número de assentos saltou para 107; e, em 1932, os nazistas conquistaram 230 assentos. Assim, o Partido Nazista tornou-se o maior da Alemanha. Em 1932, Hitler conseguiu sua nacionalidade alemã, e isso lhe permitiu concorrer à eleição presidencial nesse país. Nessa eleição, Hitler concorreu contra o presidente em exercício, Paul von Hindenburg. No primeiro turno, Hitler recebeu 30% dos votos, e no segundo, 37%. Hitler perdeu, mas sua expressiva votação deixava claro a forte posição do partido e difundiu mais ainda a propaganda nazista pela Alemanha. A derrota reverteu-se em vitória para os nazistas, uma vez que uma forte pressão popular sobre Hindenburg fê-lo nomear Adolf Hitler como chanceler da Alemanha.
Hitler no poder
A ascensão de Hitler marcou o início da jornada alemã rumo ao totalitarismo. Nomeado como chanceler, Hitler atuou abertamente para consolidar-se como figura absoluta na política alemã e agiu para acabar com o regime democrático que marcava a República de Weimar. A perseguição contra os opositores do nazismo iniciou-se de imediato. Algumas de suas primeiras ações foram acabar com a Constituição de Weimar e impor a perseguição a social-democratas e comunistas. Para isso, Hitler contou com a sorte. Em fevereiro de 1933, os nazistas tiveram a desculpa perfeita para iniciar sua guinada autoritária: o incêndio do Reichstag. Na noite de 27 de fevereiro de 1933, um anarcossindicalista holandês, chamado Marinus van der Lubbe, invadiu o Reichstag e incendiou o prédio. As autoridades policiais alemãs e os nazistas sabiam que o holandês tinha agido por conta própria, mas acabaram aproveitando-se da situação e passaram a propagandear que a ação fazia parte de um grande complô comunista. Isso acabou sendo utilizado de justificativa para os nazistas radicalizarem. No dia seguinte, foi aprovado o Documento para a Proteção do Povo e do Estado, um decreto que acabou com todas as liberdades individuais garantidas pela Constituição de Weimar e que garantiu direito ao governo de intervir nas federações da Alemanha (estados) para “restaurar a ordem”. Ainda em 1933, Hitler deu início à perseguição contra os social-democratas e comunistas, aprisionando-os e enviando-os para o campo de concentração de Dachau, o primeiro campo de concentração nazista. Além disso, ele dissolveu o Parlamento naquele ano e proibiu outros partidos políticos de atuarem — só o Partido Nazista tinha autorização para funcionar. Na economia, Hitler tinha como grande missão recuperar a economia do país. A sua política, nesse sentido, teve altos e baixos e atuou por meio da tomada de bens de muitos judeus, do incentivo à produção de papel-moeda e da promoção de obras públicas como forma de combater o altíssimo nível de desemprego no país. Hitler atuou contra a Liga das Nações retirando a Alemanha dessa organização e passou a questionar os princípios do Tratado de Versalhes. Entre as ações estão a reconstrução do exército alemão, a formação de marinha e aviação de guerra, a remilitarização da Renânia (região fronteiriça com a França) e o fim do pagamento das indenizações estipuladas no tratado. Os poderes de Hitler ampliaram-se consideravelmente em 1934, quando o presidente da Alemanha, Hindenburg, faleceu aos 86 anos. A morte do presidente fez Hitler mobilizar os ministros alemães a aprovarem a Lei sobre o Chefe de Estado do Reich Alemão. Com isso, Hitler absorveu os poderes presidenciais e passou a ser chefe de governo e de Estado, possuindo poderes ilimitados.
Perseguição aos judeus
Uma vez estabelecido no poder, Hitler fez com que seu discurso contra os judeus fosse praticado. Após anos de retórica permeada de ódio contra esse grupo, não foi difícil para que ele o perseguisse. Entre 1933 e 1939, uma série de medidas foi realizada para excluir progressivamente esse grupo da sociedade alemã. Os judeus foram inicialmente excluídos do serviço público alemão, e a violência contra eles começou a aumentar com milícias (sobretudo as tropas de assalto) atacando famílias judias e com parte da sociedade boicotando negócios geridos por judeus. Em 1935, Hitler autorizou a consolidação de leis que impunham juridicamente a segregação dos judeus na Alemanha. Conhecidas como Leis de Nuremberg, essas foram um conjunto de ordenamentos jurídicos que tratavam da miscigenação e da cidadania alemã, por exemplo. Casamentos entre judeus e não judeus foram proibidos na Alemanha, assim como aqueles ficaram proibidos de terem relações sexuais com não judeus. Os nazistas também estipularam conceitos que definiam a cidadania alemã. Assim, decidiu-se quem tinha e quem não tinha direito a receber a cidadania. Os judeus, naturalmente, foram excluídos. A exclusão jurídica fomentava a violência física, e, em 1938, a situação tomou uma nova dimensão. Em 1938, em represália ao assassinato de um alemão por um judeu em Paris, Hitler autorizou a realização de um pogrom (ataque físico) contra os judeus na Alemanha. Na virada de 9 para 10 de novembro de 1938, nazistas de toda a Alemanha foram mobilizados para atacar judeus. As casas destes foram invadidas, pessoas foram espancadas, lojas e sinagogas foram incendiadas. Esse acontecimento ficou conhecido como Noite dos Cristais. Especula-se que nesse ataque milhares de pessoas tenham morrido, embora o número oficial de mortos seja de 91 pessoas, e milhares de lojas e sinagogas foram destruídas em todo o país. Outro acontecimento importante é que, durante esse pogrom, cerca de 30 mil judeus em toda a Alemanha foram presos e enviados para os campos de concentração de Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen.
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